Montblanc M

Esta caneta é um modelo relativamente novo da Montblanc, lançado há cerca de um ano.

A caneta que é focada nesta crítica foi-nos facultada pelo espaço Montblanc da Papelaria Fernandes (loja da antiga Papelaria da Moda), em Lisboa, para a testarmos e relatarmos no Objectos de Escrita a nossa impressão. A nossa opinião é, no entanto, inteiramente livre, sem qualquer condicionamento por parte da marca ou da loja, para além da obrigação da escrita do presente texto.



Design – Comparativamente com outras canetas da Montblanc, esta possui um visual simultaneamente moderno e despojado, despretensioso. O corpo e a tampa são pretos brilhantes, com um clip na tampa relativamente simples. Esta tampa apresenta no seu topo o logótipo da Montblanc. O mesmo logótipo surge na zona final do corpo, numa área do corpo que se torna plana e que lhe dá um toque algo assimétrico. Não temos a certeza de que esta solução de design seja a melhor escolha, mas não há qualquer dúvida de que lhe confere um aspecto distinto. É sem dúvida um design sofisticado e apetecível. 17/20


Materiais – A Montblanc M é fabricada em resina, o que lhe confere alguma rigidez e resistência. No entanto o brilho que possui faz com que possa ser particularmente sensível a riscos. No entanto, uma caneta desta gama não é uma caneta que se use no bolso das calças junto a chaves ou a moedas, devendo estar sempre protegida. 19/20


Aparo – O aparo desta caneta é de ouro de 14 quilates, banhado a ródio com uma porção central banhada a ruténio, o que o torna bicolor com o pormenor mais escuro. como decoração apresenta ainda a gravação MN, as iniciais do designer que criou esta caneta. Apresenta um orifício de respiração. O presente exemplar é um F. Muito suave, comporta-se, no entanto, como um M, com um fluxo de tinta muito generoso. 17/20


Pormenores – O pormenor mais fascinante desta caneta é o mecanismo de fecho da tampa, através de ímanes, que força o alinhamento do clip com a faceta plana do corpo que ostenta o logótipo da Montblanc. Pormenor simples, discreto, mas muito interessante, símbolo de perfeccionismo. 20/20



Sistema de enchimento – Cartucho de tinta. Esta caneta não aceita conversor da marca. Eventualmente poderá usar um conversor de pequenas dimensões como o da Kaweco. 17/20


Conforto na escrita – É uma caneta muito confortável, com um peso bem distribuído, o que a torna adequada para longas sessões de escrita. Não é possível colocar a tampa na extremidade do corpo, mas o equilíbrio da caneta sem tampa não o exige. Para alguns dos nossos leitores será um ponto negativo, mas não para nós que optamos por segurar na tampa, sem a colocar na extremidade do corpo. A secção, apesar de ser metálica é bastante confortável devido à textura estriada que lhe confere um toque não metálico. Apenas pode tornar-se desconfortável o desnível acentuado causado pela diferença de diâmetros da secção e do corpo. 18/20


Cuidados especiais – Apenas os cuidados normais para evitar riscos, numa caneta de uma gama de preços algo elevada. 20/20

Preço – A Montblanc M está disponível no espaço Montblanc da Papelaria da Moda a um preço de cerca de 540 €, um preço bastante elevado, apesar de não estar longe dos preços mais elevados da marca. 14/20


Apreciação final – Estamos perante uma caneta bem construída, resistente e moderna. É um bom objecto de escrita e não fundamentalmente um  objecto de colecção. Confortável de usar e com um aparo extremamente suave apesar de demasiadamente espesso é um pouco cara para o que oferece enquanto canetas (nomeadamente não poder levar conversor), mas o facto de ostentar a marca Montblanc tem influência no seu preço. Agradecemos ao espaço da Montblanca da Papelaria da Moda a possibilidade de testarmos uma caneta com este valor, algo que sem esta parceria não seria possível. 18/20

6 comentários:

  1. A pena F tender para M é tradicional da MB, embora eu tenha uma 149 F de verdade. Pura sorte, pois a comprei num leilão. Mas ia falar da decepção com a Mont Blanc M. Não vir e não aceitar conversor da marca é curioso. Gostaria de entender o marketing.

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    1. De facto o aparo F comportar-se como M é algo desagradável, mas a que nos habituamos com algumas marcas de canetas, podendo compensar com a escolha de aparos mais finos. Para quem prefere aparos realmente finos, o F pode ser demasiado espesso e há modelos/marcas que não disponibilizam o EF.
      Quanto a não aceitar o conversor da marca, não é propriamente um defeito grave, na nossa opinião, que preferimos o sistema de enchimento por cartucho. Mas por vezes dá jeito usar o conversor e nesta caneta, devido à faceta plana do corpo é impossível usar algum de dimensão normal, sendo possível usar o mini-conversor da Kaweco, por exemplo. Mas este é muito pequeno e leva uma quantidade de tinta diminuta.
      Apesar de não ser para nós um defeito grave, é pelo menos estranho ver uma caneta desta gama de preço a não aceitar conversor.
      Claramente uma aposta prioritária no design sobre a versatilidade.

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  2. Pessoalmente, prefiro sempre os aparos F nas canetas Montblanc, pois para a minha caligrafia e para o meu gosto, têm o fluxo de tinta adequado. Esta caneta é a grande desilusão da marca até agora e aqui incluo os mais de cem anos que já leva. O facto de não aceitar conversor é absolutamente decepcionante. O design é interessante, mas não passa disso. A Montblanc habituou-me a canetas com design deslumbrante, pelo que este modelo deixa muito, muito a desejar. Há outro pormenor que me faz desgostar da caneta e que é o facto de, quando fechada, haver um desagradável espaço entre a tampa e o corpo. Isso implica uma perda de continuidade do instrumento ao toque e cria uma visão de alguma imperfeição. Quanto ao preço, é excessivo para o que a caneta vale na realidade, precisamente por se tratar de uma Montblanc, de quem se espera mais. Ainda assim, está dentro do nível de preços para os modelos clássicos, já que os modelos de edição limitada e de edição especial são bastante mais elevados. Não adquiri este modelo e não tenciono fazê-lo. Espero por uma nova proposta que vá ao encontro do que é expectável.

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    1. Como referi na resposta ao comentário de Sergio josé caldas, é estranho esta caneta não aceitar conversor e é um pouco desagradável o aparo ser demasiado espesso.
      Quanto ao design, será certamente uma questão de gosto. Nós gostamos bastante deste design. É verdade que tem um espaço entre a tampa e o corpo um pouco inexplicável. Mas mais desagradável do que este espaço é o "degrau" entre o corpo e a secção que pode, para alguns utilizadores, tornar a caneta menos confortável.
      É sem dúvida um exercício de estilo que se apresenta como uma clara excepção quer à linha tradicional da Montblanc com a sua grande sobriedade e design sem falhas, quer às suas edições limitadas que se aproximam de verdadeiras peças de ourivesaria.
      Em breve faremos aqui a crítica de uma caneta completamente diferente: a Montblanc William Shakespeare.

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  3. Esta caneta não aceita o conversor?! Fim dos tinteiros à vista? Não me parece.
    A Montblanc errou neste aspecto e, também, no preço demasiado alto.

    A Tavares

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    1. Obrigado pelo seu comentário.
      De facto esta caneta não aceita conversor. O formato do corpo não lhe permite ter espaço para levar conversor, apenas um cartucho de tinta. Talvez os mini-conversores da Kaweco ou da Monteverde funcionem, mas não experimentei. Mas a capacidade de tinta de um cartucho que se pode encher com seringa é bastante maior.
      Cremos que o conceito é completamente diferente. É para ser uma caneta descomplicada, com cartuchos e um design mais moderno. Depende dos gostos pessoais mas parece-nos que os utilizadores da Montblanc esperam uma caneta com mais "trabalho interno", esperando um verdadeiro sistema de enchimento ou, pelo menos a possibilidade de utilização de conversor. Será uma experiência interessante e com bastante mérito no design. Mas não haverá grandes dúvidas de que o os tinteiros não estão condenados. Aliás, o crescente número de marcas e de cores em cada marca indicam-nos isso mesmo..

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