Tomada de posse do XIX Governo Constitucional (21 de Junho de 2011)

Uma das coisas interessantes de uma tomada de posse é a necessidade de assinar o livro oficial. E como será de esperar, algumas das pessoas que lá vão colocar a sua assinatura escolherão a caneta que mais possa impressionar os inevitáveis espectadores.

Num vídeo colocado no Youtube podemos assistir a toda a cerimónia e tentar identificar as canetas através dos grandes planos no momento de cada uma das assinaturas.

Em 13 assinaturas (11 ministros, Presidente da República e Primeiro Ministro) constatamos a utilização de (se não me falha a capacidade para distinguir as marcas) quatro canetas da Montblanc (Passos Coelho, Cavaco Silva, Aguiar Branco e Mota Soares). Foi esta a marca mais utilizada.

Nas mesmas 13 assinaturas foram usadas apenas 4 canetas de tinta permanente – 2 da Montblanc (Aguiar Branco e Mota Soares), 1 da Omas (Miguel Relvas) e 1 Parker 75 (Nuno Crato). Realço as canetas de tinta permanente por serem o meu objecto de escrita predilecto mas devo confessar que apesar de tudo senti-me surpreendido por ver uma esferográfica pouco usual nestas cerimónia, uma Caran d’Ache (nas mãos de Vítor Gaspar).

Da mesma forma não posso deixar de realçar o pormenor curioso desta tomada de posse, protagonizado pelo aparentemente pouco habituado a escrever com canetas de tinta permanente, Pedro Mota Soares. Arrisco classificá-lo como utilizador pouco usual por dois motivos; primeiro porque a caneta não escreveu quando a encostou ao papel; algo típico em utilizadores que dão pouco uso a este tipo de canetas; e segundo pela forma como decidiu resolver o problema: agitou-a para que a tinta afluísse ao aparo, algo que um utilizador experiente não faria, sob o risco de encher todo o livro de assinaturas de uma imensa mancha de gotas de tinta. Felizmente nada aconteceu de desastroso e acabou por conseguir assinar o livro com a esferográfica “oficial” do evento, uma Parker Jotter.



Imagem retirada do vídeo da tomada de posse. Momento da assinatura de Pedro Mota Soares com a esferográfica Parker Jotter (a caneta oficial/de recurso para esta tomada de posse).

Parker Deluxe Challenger (1935 – 1941)

Por ser outra das minhas canetas favoritas aproveito para fazer a crítica a mais um objecto de escrita da Parker.
Because it is one of my favourite pens, I’m reviewing one more pen from Parker.

A Parker Deluxe Challenger (de acordo com informações do site Parker Collector) começou a ser produzida em 1935, sendo enquadrada na gama média da marca. O preço de venda era 3,5 dólares.
Parker Deluxe Challenger (according to information available at Parker Collector page) was produced from 1935, being a part of the medium range of the brand. The retailer price was of 3,5 USD.

Materiais – Corpo e tampa em plástico. Aparo de ouro. Clip e anéis da tampa e metal dourado. Os materiais parecem ser de construção robusta. 18/20
Materials – The body and cap are made of plastic. It has a gold nib. The clip and the cap rings are golden metal. The plastic feels sturdy. 18/20

Aparo – Aparo em ouro. Na caneta que tenho, este aparo é extremamente suave apesar de ter uma flexibilidade quase nula. Para o meu gosto pessoal o fluxo de tinta que debita é o ideal, mantendo um traço fino. 19/20
Nib – The nib is made of gold. In the pen I own, this nib is extremely soft although it shows almost no flexibility. For my personal taste, the ink flow is ideal, allowing for a thin line. 19/20

Pormenores – O clip que não ostenta a flecha típica da Parker contribui para a não identificação imediata da marca. O alimentador comporta-se irrepreensivelmente. 20/20
Details – This pen has not the usual arrow Parker clip, making harder (for any modern and less experienced user) to identify the brand. The feed has a perfect behaviour for the nib. 20/20

Sistema de enchimento – Por botão (button-filler) a partir de tinteiro. Para a quantidade de tinta fornecida pelo aparo preferiria que a capacidade de armazenamento no depósito fosse um pouco maior. 16/20
Filling system – This pen is a button filler. For the feed and nib performance I would prefer a bigger sac to hold some more ink. 16/20

Conforto na escrita – Caneta bastante confortável de usar embora seja relativamente fina e curta para mãos grandes. Ainda assim e apesar de geralmente valorizar as canetas de grandes dimensões considero que esta caneta se adapta perfeitamente à minha forma de escrever 19/20
Comfort when writing – This pen is very comfortable, although it can have a small diameter and length for bigger hands. Although I prefer big pens, I feel this one adapts itself perfectly to my writing habits. 19/20

Design – O design é datado e pode considerar-se antiquado. Mas sóbrio, com dignidade. É o tipo de caneta cuja utilização em público, apesar da antiguidade, não provoca estranheza ou embaraço. Foi produzida em várias cores mas a que possuo é verde marmoreado. 20/20
Design – This is a vintage pen and looks like vintage. It is very discreet. This is the kind of pen which when used in public it is not conspicuous, despite being a vintage pen. It was produced in several colours, but this one is a marbled green. 20/20

Preço – Actualmente, no eBay, é vendida entre os 60 e os 80€, dependendo da cor e do estado de conservação. Não sendo rara é uma caneta que não se encontra com muita frequência à venda. 14/20
Price – It can be found on eBay ranging from 60 to 80€, depending on the condition. Although it is not a rare pen it can’t be frequently found on sale. 14/20

Apreciação final – Caneta de muito boa qualidade apesar de nunca ter sido planeada como topo de gama. É uma caneta fiável para uso diário embora dependa da existência de um tinteiro por perto. Aconselho a sua aquisição a um vendedor de confiança caso contrário pode tornar-se excessivamente cara com o custo de um eventual restauro. 18/20
Overall comment – This is a very well built fountain pen, although it was never planned to be top of the range. It is a reliable pen for a daily use, although it needs to have an ink bottle near to refill it. I recommend to buy it from a reputed seller to have a reliable assessment of its condition. Otherwise it can become excessively expensive to pay for repair, if the buyer can’t do it by himself. 18/20






Pode encontrar mais críticas no nosso índice de críticas de canetas.

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Moleskine – Caderno de bolso

Completa-se hoje a trilogia dos objectos fundamentais de escrita. Já aqui falei de canetas e de tinta. Falta o papel, o suporte físico onde deixaremos marcados as letras ou os desenhos que poderemos querer fazer sair de uma caneta.
Um destes suportes físicos que me é mais útil é o Moleskine Caderno Clássico que trago quase sempre comigo

Há várias coisas que me agradam neste caderno de notas. A primeira é a capa rígida, com o elástico para permitir o fecho adequado. A segunda é a bolsa interna que permite guardar pequenos papéis soltos. E fundamentalmente o papel. Opto frequentemente pelos cadernos de folhas quadriculadas. Estas folhas possuem quadrículas suficientemente pouco marcadas para não incomodar a escrita. Igualmente no topo das preferências está o caderno de folhas lisas.

O papel é de boa qualidade e, apesar de fino, não infiltra a tinta até à outra face, na maioria das combinações tinta/caneta que utilizo.

Outros pormenores que não posso deixar de valorizar são a fita marcadora e o facto de as folhas serem cozidas para garantir que não se destacam e perdem por acidente ou uso frequente. Aprecio também a ausência de margens traçadas no papel e o arredontamento dos cantos.

E a dimensão: suficientemente grande para escrever com conforto mas mantendo um tamanho adequado para o transporte no bolso.

E para terminar há que salientar a facilidade de aquisição. Encontram-se um pouco por todo o lado, incluindo nas lojas Fnac onde a gama costuma ser particularmente completa.